News — 30 December, 2024

Fortalecendo Competências na Gestão de Recursos Naturais com ODK na América Latina

A Guatemala, em colaboração com a HOT, o PNUD e o MARN, está trabalhando na gestão de resíduos e recursos naturais, identificando locais críticos e capacitando funcionários para melhorar as infraestruturas.

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A Guatemala enfrenta desafios significativos na gestão de recursos naturais e resíduos sólidos. Em colaboração com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento na Guatemala (PNUD) e o Ministério do Meio Ambiente e Recursos Naturais (MARN), o Hub LAC da Equipe Humanitária do OpenStreetMap (Hub LAC) desenvolveu, desde outubro de 2021, uma metodologia participativa para identificar depósitos ilegais de lixo, especialmente na bacia do rio Motagua. Durante um ano e meio, foram demonstradas tecnologias abertas e dados colaborativos, servidores públicos foram capacitados, e ferramentas para inventário de infraestruturas de gestão de resíduos e águas residuais foram criadas. Essa iniciativa estabelece bases sólidas para futuras ações governamentais e marca um avanço crucial na solução desses desafios.

Demonstrando o Potencial das Tecnologias Abertas ao Ministério do Meio Ambiente da Guatemala

A primeira fase de colaboração mostrou ao Ministério do Meio Ambiente o potencial das tecnologias abertas para gerar e visualizar dados, com foco na gestão da poluição do rio Motagua, na Guatemala, e sua foz em Honduras. O HOT apoiou a criação de um experimento piloto com o PNUD para abordar a gestão de resíduos sólidos em nível doméstico, identificando lacunas nos serviços, muitos deles pouco regulados pelo setor privado, prejudicando os moradores e levando ao descarte inadequado de resíduos.

O HOT e o PNUD desenvolveram uma estratégia de pesquisa domiciliar baseada no Open Data Kit (ODK), testada com um grupo piloto em várias áreas da Cidade da Guatemala. Os resultados qualitativos foram compartilhados com o Ministério e visualizados por meio de um painel interativo no Power BI, elaborado pela equipe do PNUD. Essa demonstração motivou o Ministério a criar uma estratégia mais sofisticada e alinhada às suas necessidades antes do fim do mandato, reconhecendo o potencial de um inventário completo da infraestrutura municipal do país com o apoio técnico e metodológico fornecido.

Posteriormente, as três instituições colaboraram na estruturação de um instrumento de pesquisa georreferenciado para que os municípios do país relatassem, de maneira uniforme, completa e oportuna, informações sobre infraestrutura, capacidade, condições, atividades, cobertura e custos relacionados ao tratamento de águas residuais e resíduos sólidos ao Ministério, eliminando a necessidade de intervenção manual em diferentes etapas de coleta e agregação de dados, como costuma acontecer.

Paralelamente, foi realizada uma reflexão prática sobre a soberania dos dados e sua localização apropriada dentro dos serviços do Ministério, garantindo ao mesmo tempo acesso sustentável mesmo com as mudanças de administração (que estavam por ocorrer). Dada a falta de capacidade técnica do MARN, decidiu-se confiar a informação ao escritório do PNUD, que poderia entregá-la ao próximo governo.

Construção de Capacidades na Gestão de Dados com o ODK

Superar desafios administrativos e garantir a sustentabilidade na gestão de dados foi crucial para a continuidade. Convencidos da necessidade de uma plataforma gratuita e configurável, servidores do Ministério do Meio Ambiente participaram de capacitações focadas em coordenadores técnicos, técnicos de pesquisa e supervisores. Isso assegurou a manutenção de competências tanto entre servidores com alta probabilidade de permanência quanto entre aqueles que poderiam ser transferidos para outras administrações.

A transição administrativa em janeiro de 2024 resultou na transferência de alguns servidores capacitados para outras instituições, difundindo o conhecimento técnico para futuras necessidades. Além disso, um grupo mais amplo do escritório do PNUD foi capacitado, garantindo suporte técnico permanente ao Ministério e outras instituições públicas no país. Esses esforços criaram polos de conhecimento mais permanentes, disponíveis para administrações futuras e outras entidades públicas.

A colaboração e o experimento geraram avanços interessantes, demonstrando a alta aplicabilidade de métodos de mapeamento participativo e o uso de tecnologias abertas, como o ODK, em administrações públicas nacionais. Muitos municípios usaram essas novas competências para relatar questões de gestão de resíduos e tratamento de águas residuais ao Ministério, reforçando o sucesso e a relevância dessa iniciativa.

A capacitação no ODK não apenas respondeu à necessidade imediata de criar um instrumento gratuito, flexível e autônomo para inventário de infraestrutura e serviços de tratamento de resíduos em nível municipal em curto prazo, mas também forneceu aos participantes habilidades essenciais para projetar, implementar e gerenciar formulários de coleta de dados de forma eficaz e duradoura.

O programa de capacitação, desenvolvido ao longo de três dias, abrangeu desde conceitos básicos até técnicas avançadas, incluindo práticas e o desenvolvimento quase completo de um instrumento na aplicação. Os participantes adquiriram conhecimentos teóricos e práticos, aprendendo a criar formulários básicos e complexos, melhorar a usabilidade e eficiência, e integrar georreferências, elementos multimídia e outras funções avançadas.

Na gestão de dados abertos, a adaptabilidade contínua é essencial para o sucesso das soluções implementadas. O ODK destaca-se como uma ferramenta que permite personalização de formulários e georreferenciamento offline, recursos cruciais para atender às necessidades dinâmicas de coleta de dados, garantindo sua relevância e eficácia.

Desafios e o Futuro da Gestão de Dados

A importância desse tema reside no fato de que a gestão de dados para recursos naturais se baseia na participação comunitária, promovendo a coleta de dados precisos e fortalecendo a conexão com o meio ambiente. Com o ODK, a coleta de dados é facilitada para pessoas com diferentes níveis de habilidade, empoderando comunidades. Essa abordagem também promove confiança e respeito entre todos os envolvidos, garantindo o uso ético e seguro das informações e permitindo que as comunidades participem das decisões sobre seu uso e impacto.

Em muitos ministérios e administrações locais da América Latina, a falta de recursos financeiros e técnicos, além da ausência de estratégias de gestão da informação, dificulta a criação e manutenção de servidores de dados. Essa situação levou ao armazenamento de bases de dados em computadores individuais, aumentando o risco de perda de informações cruciais para a gestão territorial. Para mitigar esse problema, foi proposta a hospedagem dos dados em um servidor externo e neutro, ao mesmo tempo em que o pessoal é capacitado para instalar seus próprios servidores ODK, garantindo a continuidade e a acessibilidade das informações para administrações atuais e futuras.

No contexto onde a gestão de dados é essencial para a conservação dos recursos naturais, destaca-se a importância da adaptabilidade e da colaboração para o sucesso das soluções. O ODK surge como uma ferramenta poderosa que permite a personalização de formulários e assegura a eficácia contínua das ações implementadas. Convidamos os leitores a compartilhar suas experiências e opiniões para enriquecer nossa compreensão coletiva e fomentar a colaboração.

Oferecemos recursos adicionais para aqueles interessados em explorar mais sobre o potencial do ODK e da gestão de dados abertos. Além disso, fazemos um apelo aos servidores públicos para que conheçam as infraestruturas abertas disponíveis, como o ODK, como ferramentas eficientes para o intercâmbio de informações locais em diferentes níveis de governo. Juntos, podemos fazer uma diferença significativa na conservação dos recursos naturais e no bem-estar de nossas comunidades.